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Esta mala tem uma longa história e uma longa vida…foi feita pelo meu avô materno ainda a minha mãe não era nascida, fez algumas viagens da aldeia até Lisboa e de cá para lá, numa época onde não existia ainda as malas ultra leves samsonite.
Hoje, já não faz viagens, dá alma à minha sala, e faz-me viajar quando olho para ela.
Tentei preservar ao máximo a cor, as ferragens e as expressões do tempo, porque afinal é tudo isso que lhe atribui toda a beleza…e para mim um grande valor sentimental.
Mas esta reciclagem foi tudo menos fácil, foi uma verdadeira aventura, mas comigo nada poderia ser diferente, eu na verdade adoro aventuras.
Queria que ficasse perfeita e tentei fazer de tudo para a tinta sair sem estragar a madeira. Li em muitos blogs muita coisa e decidi começar com o decapante, à partida seria o mais fácil e prático. Comprei uma lata pequena {que achei caríssima} e não resultou, a tinta era antiga e muito difícil de remover.
Fiquei fula.
Mas nada me demovia e avancei para o plano seguinte, a lixa eléctrica. Liguei à minha irmã, ela emprestou e comecei a esfregar as mãozinhas a pensar “é desta”, fui comprar lixas para a máquina e voltei para casa a pular e a saltar como uma criancinha muito feliz e pôs mãos à obra. A tinta estava a começar a sair mas ao fim de uns minutos começou a sair faiscas da cabeça da máquina, nem queria acreditar que não só tinha dado cabo da máquina como também o meu trabalho estava longe de terminar.
Então, como sou persistente pedi ao meu pai ajuda, e então ele lembrou-se de usar uma pistola de calor black&decker {também se pode remover a tinta através do calor}. Lá colocamos a máquina a funcionar, lá ia removendo pequenos bocadinhos de tinta mas nada de especial. A mala por ser muito antiga a tinta e uma espécie de massa teimavam em não querer sair. Mas o meu pai empenhou-se tanto na sua tarefa que se eu chegasse 5 minutos mais tarde, em vez de encontrar uma mala de madeira mal pintada, encontrava um monte de cinzas.
Desistimos desta ideia.
O decapante não tinha funcionado, a lixadora eléctrica estava lixada, a pistola de calor seria risco de incêndio na certa, mas ainda havia uma outra hipótese, de lixar manualmente.
Então apelei aos meus queridos homens lá de casa e colocamos mãos à obra, eu, o meu pai, os meus cunhados e o meu marido, fomos tentando lixar manualmente…desistimos ao fim de pouco tempo, porque percebemos que era preciso uma força maior, tipo alguma coisa mais profissional.
Mas como sempre acreditei neste projecto, não desisti, porque consegui sempre imaginar na minha cabeça como iria ficar no final, sabia que ia ficar linda e que seria também uma bela recordação dos meus avós.
Trouxe então a mala para Lisboa e pedi ajuda ao meu primo que é um perito em madeiras e afins.
Até ele que é um profissional teve alguma luta.
E sim, foi com a grande ajuda do Eduardo com a suas mil uma máquinas xpto que dei esta bricolage por terminada…
A mala ficou como sempre imaginei, só não imaginava que desse tanta luta e que não fosse eu a termina-la.
Para mim ficou perfeita e agradeço a todos os que me ajudaram a dar nova vida a esta minha nova mesa de centro…adoro.